Matéria publicada em 17 de abril de 2009

Vereadores conseguem as assinaturas necessárias para a CEI
Rodrigo Sena

“Do ponto de vista regimental, não há previsão desse tipo de comissão conjunta. Poderia até se provocar a Assembleia a discutir a criação de um mecanismo formal nesse sentido, mas hoje ele não existe”, destacou o deputado Getúlio Rego, do mesmo partido do autor da preposição, o DEM. O vereador, no entanto, considera que o fato de o Legislativo estadual ter jurisdição sobre todas as cidades, inclusive Natal, somado ao de haver recursos estaduais na compra dos medicamentos, justificaria a inclusão dos deputados na CEI.
Para Getúlio Rego, o assunto caracteriza “algo mais municipalizado e por isso da alçada dos vereadores.” Ele entende que somente se houver dúvidas ou questionamentos a respeito da investigação da CEI na Câmara, caberia à Assembléia abrir uma comissão de inquérito específica. “Ambas poderiam correr em paralelo e até de modo a contribuírem uma com a outra, porém não de forma conjunta, pois para isso seria necessário uma previsão constitucional e não há”, esclarece.
Ney Júnior explicou que se a proposta não for aceita pelos deputados, isso não garantirá a abertura automática de uma CEI exclusiva na Câmara. “Se a ideia não for aprovada, irei requerer os documentos necessários e dar início a uma apuração (por conta própria)”, afirmou. Para a criação de uma comissão específica e formada apenas por vereadores será necessário aprovar um novo requerimento.
Para o deputado Paulo Davim (PV), essa seria a alternativa para a Câmara e não a comissão mista. “As duas casas têm regimentos distintos e não prevêem isso, portanto não há condições de haver investigação conjunta”, afirma. Assim como Getúlio Rêgo, ele lembrou que Câmara Municipal e Assembléia não possuem a mesma relação que a Câmara Federal e Senado, pertencentes ao mesmo nível de governo e onde são realizadas CEIs mistas.
A opinião é embasada pelo presidente da OAB/RN, Paulo Eduardo Teixeira. “Não estudei esse assunto a fundo, mas a princípio não percebo possibilidade jurídica, nem vi ninguém apontar o fundamento legal”, afirmou. Um dos riscos que correria essa comissão é a nulidade de seus atos, além de seus integrantes não terem o direito a, por exemplo, convocar testemunhas, como ocorre nas CEIs formadas só por deputados, ou apenas por vereadores.
Aparecida França nega desperdício
O ex-secretário municipal de Saúde Edmilson Albuquerque afirmou ontem que a grande quantidade de medicamentos vencidos acumuladas no almoxarifado do órgão foi uma falha no recolhimento do lixo hospitalar da Urbana. Segundo ele, desde o final de 2007 que o “descarte”, como é chamado o produto que já está vencido, não era recolhido no galpão da Secretaria Municipal de Saúde. “Nós fizemos vários ofícios para Urbana, chegamos a ter contato pessoalmente com o presidente da Urbana e não obtivemos resposta”, destacou Edmilson Albuquerque.
A ex-secretária municipal de Saúde Aparecida França que atuou no órgão durante cinco anos e saiu no início de 2008, observou que o descarte de medicamento ocorre entre 10% e 20% do total. Segundo ela, esse percentual é considerado “normal”. “Ora, se o descarte não estava sendo feito desde o final de 2007 e a atual gestão não está distribuindo regularmente os medicamentos, é mais do que natural que aconteça esse acúmulo”, destacou. Além disso, Edmilson Albuquerque também destacou que que o acúmulo de medicamentos no galpão se deve à distribuição irregular de produto feita na atual gestão. Ele também levantou questionamentos sobre a fiscalização da Coordenadoria de Vigilância Sanitária feita, já na gestão de Micarla de Sousa, no galpão da Secretaria de Saúde.
O ex-secretário lembrou que ano passado, durante as fiscalizações regulares, a Covisa identificou que as condições de armazenagem dos produtos precisavam de adequações, no entanto, não citou que havia necessidade urgente. “Por que a Covisa na época não falou dessa necessidade urgente?”, destacou Edmilson Albuquerque. Ele observou que durante a inspeção da Covisa foi destacada a necessidade de colocar um forro de PVC no galpão e melhorar a temperatura do local.
Durante a entrevista, Albuquerque apresentou documentos no qual constava a solicitação de abertura de processo licitatório, feito em maio de 2008, para a instalação de instalação elétrica, ar condicionado e do forro de PVC. “O processo foi concluído em novembro de 2008, mas a empresa vencedora não aceitou fazer o serviço de colocar o forro de PVC. Final de gestão é muito difícil encontrar uma empresa para prestar serviço”, comentou a ex-secretária adjunta de Saúde Marisa Sandra.
Ela destacou ainda que a prefeita Micarla de Sousa poderia, já na atual gestão, como está em decreto de calamidade, ter feito o serviço de instalação do forro do galpão de armazenagem de medicamentos. “Esse forro de PVC é feito em 15 dias. Não está em estado de calamidade, só é dispensar a licitação e contratar. Os equipamentos de ar-condicionado estão comprados, só falta instalar”, disse, em tom de desabafo Marisa Sandra.
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