terça-feira, 21 de abril de 2009

Vereadores ficam indignados com desperdício de medicamentos

Capa e Política, Correio da Tarde
Matéria publicada em 14 de abril de 2009
Por Allan Darlyson





















Vereadores de Natal visitam depósito onde são guardados os medicamentos vencidos ou estragados


Alberto Leandro
O desperdício de medicamentos, decorrente da gestão do ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves, causou indignação entre os parlamentares do município. Em visita, na manhã de hoje, ao depósito da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), onde se encontram os remédios inaptos para uso, por estarem vencidos ou estragados, os vereadores Ney Lopes Júnior (DEM), Franklin Capistrano (PSB), Maurício Gurgel (PHS) e Hermano Morais (PMDB) – membros da comissão de saúde da Câmara Municipal de Natal (CMN) – ficaram estarrecidos ao se depararem com uma quantidade exorbitante de medicamentos desperdiçados.

A quantidade de remédios ainda não foi calculada, mas estima-se que o volume seja equivalente à capacidade máxima de 10 caminhões de carga. Nem todas as drogas estão vencidas, mas segundo a farmacêutica bioquímica Ruth Suassuna, funcionária de carreira do município há 15 anos, estão inaptas para uso, devido às condições precárias que o local possui para acondicionamento desses produtos. Ela informou aos vereadores que ao meio dia a temperatura do depósito chega a 45º, quando o máximo que suportaria os remédios seria 30º. “Todo esse material está condenado. Usá-los seria um risco para os cidadãos”, disse Ruth aos parlamentares.

Ao ouvirem as informações da funcionária técnica, que não possui nenhuma ligação política com a atual prefeita, Micarla de Sousa, ou com o ex-gestor, os vereadores perceberam a irresponsabilidade com que os remédios eram tratados na antiga administração e se prontificaram a investigar para descobrir os responsáveis pelo desperdício de dinheiro público.

Ney Lopes Júnior informou que a Prefeitura de Natal se comprometeu a enviar para a CMN, em uma semana, os arquivos referentes às datas de compra dos medicamentos, licitação e quantidade pedida.

Segundo o vereador, a iniciativa da prefeita de enviar uma sindicância, para apurar as irregularidades que envolvem a situação, tem o mesmo objetivo da CMN: “Descobrir quem foram os responsáveis pelo crime e encaminhar o resultado à Justiça”.
“Ontem, em audiência pública realizada na Câmara, a secretária de saúde se comprometeu a nos ajudar com as investigações, enviando os documentos referentes aos remédios.

Mas, caso não recebamos em uma semana ou os dados não sejam o suficientes para que a investigação seja concluída, entrarei com o pedido de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), formada entre vereadores e deputados, para que possamos descobrir que foram os culpados”, garantiu o democrata.

Capistrano, que é médico e presidente da comissão de saúde da CMN, se posicionou a favor da instalação da CPMI dos medicamentos, pois, segundo ele, a situação é calamitosa e precisa ser esclarecida o mais rápido possível. “Pensei que o desperdício fosse menor. Essa situação não pode persistir.

Precisamos identificar os culpados para que a Justiça possa puni-los”, reforçou o vereador, que ainda alfinetou o tratamento da gestão do ex-prefeito com a saúde. “Era muitos remédios para poucos médicos receitarem”, alfinetou.

Também indignado com a situação, Maurício Gurgel disse que o fato merecia que uma CPMI fosse instalada para resolver descobrir os culpados o mais rápido possível. “Precisamos investigar. Só assim chegaremos aos culpados por esse crime”, afirmou o parlamentar.

"Depósito é totalmente inadequado para comportar remédios"

Durante a visita dos parlamentares ao local, acompanhada por representantes da prefeitura e profissionais técnicos, a chefe de assistência farmacêutica da prefeitura de Natal, Carla Regina, disse que o local para a estocagem dos remédios é totalmente inadequado. Ela explica que as drogas não suportam uma temperatura tão elevada em algumas horas do dia e que a acomodação das caixas é feita de forma irrehular.

“Além de toda essa quantidade desperdiçada, a antiga gestão não deixou registro de entrada, nem estocagem, nem de nada referente ao estoque. Daqui, só serão aproveitados os remédios controlados, que estão guardados em outro lugar e não nesse galpão”, informou a diretora.

O representante da sindicância aberta pela prefeitura, Osvaldo Borges, informou que as notas referentes à compra estão sendo levantadas e os demais dados referentes ao material apurados. Mesmo sem registro de estocagem, a sindicância pretende calcular a quantidade do prejuízo tomando como base os dados aqrquivados na secretaria de administração.

Ao visitar o local, nossa equipe de reportagem se deparou com xaropes, comprimidos e outros remédios de uso simples, jogados pelo chão do depósito, alguns vencidos, jogados ou em caixas e sacos durados.

Além disso, materiais como agulhas, seringas e algodão, também estavam espalhados pelo lugar.

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