Matéria publicada em 14 de abril de 2009
Por Allan Darlyson

Vereadores de Natal visitam depósito onde são guardados os medicamentos vencidos ou estragados
Alberto Leandro

A quantidade de remédios ainda não foi calculada, mas estima-se que o volume seja equivalente à capacidade máxima de 10 caminhões de carga. Nem todas as drogas estão vencidas, mas segundo a farmacêutica bioquímica Ruth Suassuna, funcionária de carreira do município há 15 anos, estão inaptas para uso, devido às condições precárias que o local possui para acondicionamento desses produtos. Ela informou aos vereadores que ao meio dia a temperatura do depósito chega a 45º, quando o máximo que suportaria os remédios seria 30º. “Todo esse material está condenado. Usá-los seria um risco para os cidadãos”, disse Ruth aos parlamentares.
Ao ouvirem as informações da funcionária técnica, que não possui nenhuma ligação política com a atual prefeita, Micarla de Sousa, ou com o ex-gestor, os vereadores perceberam a irresponsabilidade com que os remédios eram tratados na antiga administração e se prontificaram a investigar para descobrir os responsáveis pelo desperdício de dinheiro público.
Ney Lopes Júnior informou que a Prefeitura de Natal se comprometeu a enviar para a CMN, em uma semana, os arquivos referentes às datas de compra dos medicamentos, licitação e quantidade pedida.
Segundo o vereador, a iniciativa da prefeita de enviar uma sindicância, para apurar as irregularidades que envolvem a situação, tem o mesmo objetivo da CMN: “Descobrir quem foram os responsáveis pelo crime e encaminhar o resultado à Justiça”.
“Ontem, em audiência pública realizada na Câmara, a secretária de saúde se comprometeu a nos ajudar com as investigações, enviando os documentos referentes aos remédios.
Mas, caso não recebamos em uma semana ou os dados não sejam o suficientes para que a investigação seja concluída, entrarei com o pedido de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), formada entre vereadores e deputados, para que possamos descobrir que foram os culpados”, garantiu o democrata.
Capistrano, que é médico e presidente da comissão de saúde da CMN, se posicionou a favor da instalação da CPMI dos medicamentos, pois, segundo ele, a situação é calamitosa e precisa ser esclarecida o mais rápido possível. “Pensei que o desperdício fosse menor. Essa situação não pode persistir.
Precisamos identificar os culpados para que a Justiça possa puni-los”, reforçou o vereador, que ainda alfinetou o tratamento da gestão do ex-prefeito com a saúde. “Era muitos remédios para poucos médicos receitarem”, alfinetou.
Também indignado com a situação, Maurício Gurgel disse que o fato merecia que uma CPMI fosse instalada para resolver descobrir os culpados o mais rápido possível. “Precisamos investigar. Só assim chegaremos aos culpados por esse crime”, afirmou o parlamentar.
"Depósito é totalmente inadequado para comportar remédios"
Durante a visita dos parlamentares ao local, acompanhada por representantes da prefeitura e profissionais técnicos, a chefe de assistência farmacêutica da prefeitura de Natal, Carla Regina, disse que o local para a estocagem dos remédios é totalmente inadequado. Ela explica que as drogas não suportam uma temperatura tão elevada em algumas horas do dia e que a acomodação das caixas é feita de forma irrehular.
“Além de toda essa quantidade desperdiçada, a antiga gestão não deixou registro de entrada, nem estocagem, nem de nada referente ao estoque. Daqui, só serão aproveitados os remédios controlados, que estão guardados em outro lugar e não nesse galpão”, informou a diretora.
O representante da sindicância aberta pela prefeitura, Osvaldo Borges, informou que as notas referentes à compra estão sendo levantadas e os demais dados referentes ao material apurados. Mesmo sem registro de estocagem, a sindicância pretende calcular a quantidade do prejuízo tomando como base os dados aqrquivados na secretaria de administração.
Ao visitar o local, nossa equipe de reportagem se deparou com xaropes, comprimidos e outros remédios de uso simples, jogados pelo chão do depósito, alguns vencidos, jogados ou em caixas e sacos durados.
Além disso, materiais como agulhas, seringas e algodão, também estavam espalhados pelo lugar.
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