sábado, 1 de agosto de 2009

Presidente da CEI diz que informações de depoentes apresentam contradições

Correio Político, Correio da Tarde
Matéria publicada em 10 de junho de 2009

Após ouvir 31 depoimentos de funcionários, ex-cargos comissionados e representantes de empresas terceirizadas, o presidente da Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga irregularidade na aquisição, no armazenamento e na distribuição de medicamentos pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Hermano Morais (PMDB), declarou, em entrevista ao CORREIO DA TARDE, nessa manhã, que existem contradições nos depoimentos prestados à comissão.

Os membros da CEI se reunirão na próxima terça-feira (16) para avaliar os depoimentos que já foram ouvidos, verificar os documentos que ainda precisam analisar e discutir a possibilidade de convocar novamente alguns dos depoentes e novos que ainda não prestaram esclarecimentos.

Antes da reunião, na segunda-feira (15) ocorre a audição dos ex-secretários de saúde, Aparecida França e Edimilson Albuquerque, no plenário da Câmara. Aparecida será ouvida às oito horas. Edimilson prestará depoimento às 14 horas. É justamente após esses depoimentos que os parlamentares avaliarão a necessidade de fazer mais convocações.

O nome mais esperado para a lista de convocações é o do ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves (PDT). Hermano disse que há grandes chances de haver a convocação, que só será definida na reunião de terça. A comprovação das irregularidades, no decorrer da investigação, favorecem à confirmação do nome do ex-prefeito entre os depoentes. “ O nome de Carlos Eduardo já havia sido divulgado pelo relator e agora será discutido com os outros membros”, declarou o peemedebista.

Contradição

A principal contradição a ser esclarecida gira em torno do descarte irregular de remédios, infração confessada pelo ex-chefe do Serviço de Abastecimento Médico Odontológico e Laboratorial (Samol), o farmacêutico Fábio Brennand, que justificou o ato dizendo que precisava de espaço para colocar novos medicamentos, mas o descarte regular, solicitado por ele à chefia do DMP, não tinha acontecido.

Entre 2007 e 2008, a Marquise, empresa contratada pela Urbana para fazer o descarte de remédios, passou cerca de 10 meses sem recolher os medicamentos vencidos no galpão da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), quando antes fazia esse processo regularmente, a cada dois meses.

A empresa afirma que não recebeu solicitações da Urbana. O ex-chefe do Samol disse que fez diversas solicitações à chefia do Departamento de Materiais e Patrimônio (DMP), que prestou depoimento antes dos outros dois. Até o momento, não ficou esclarecido quem seria o responsável pelo acúmulo dos remédios vencidos no galpão.

Irregularidades

O presidente da CEI afirmou que as irregularidades denunciadas estão sendo comprovadas pela investigação. “Brennand confessou as infrações graves que praticou. Além do descarte irregular ferir à lei, tem também o crime ambiental de descartar remédios nos esgotos”, afirmou.

Além de Hermano, os vereadores Ney Lopes Júnior (DEM) – vice-presidente, Albert Dickson (PP) – relator, Paulo Wagner (PV) e Heráclito Noé (PPS) compõem a CEI dos medicamentos, que conta com a colaboração do Ministério Público Estadual (MPE), da Controladoria Geral da União (CGU) e de outras entidades. Os parlamentares pretendem concluir os trabalhos até o dia 18 de julho.

Vereadores solicitam contribuição de secretária de Saúde

Os vereadores da CEI dos medicamentos se reuniram, na tarde de ontem, com a secretária municipal de Saúde, Ana Tânia Sampaio, para solicitar contribuição da secretária nas investigações.

Hermano Morais informou que foram solicitados à gestora documentos referentes à aquisição e distribuição dos medicamentos, como também ofícios e memorandos referentes ás solicitações feitas pelo DMP e o Samol.

O presidente da CEI disse que a secretária prometeu contratar novos farmacêuticos para fazer um levantamento geral de todo o estoque que será descartado, para saber em número exato o tamanho do prejuízo que os cofres públicos teve com o desperdício.

“ Esse levantamento é muito importante, pois, parte dos produtos armazenados naquele galpão pode ser reaproveitada, como esparadrapos e gases”, afirmou.

Na reunião que teve com os vereadores, Ana Sampaio garantiu que, até a próxima sexta-feira (12), já terá assinado o contrato com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte para que os medicamentos da prefeitura sejam acondicionados em um galpão da Nuplan, no Campus. O novo local de acondicionamento, de acordo com a secretaria, possui todas as condições para a conservação dos remédios.

Outra reivindicação dos parlamentares que a secretária prometeu atender diz respeito à informatização do sistema de estocagem dos medicamentos. “Sem um sistema informatizado, há muitos erros de contagem, o que provoca desperdício.

Atualmente, percebemos que não há organização nem na chegada, nem na saída dos remédios, por falta de um controle de estocagem”, avaliou Hermano Morais.

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