sábado, 12 de setembro de 2009

Memória - Claudionor Telógio de Andrade

Coluna Refletores da Fama, Tribuna do Norte
Artigo publicado em 29 de agosto de 2009

Aristóteles, o mais brilhante discípulo de Platão, afirmou que “a grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las”.

Não sinto nenhum constrangimento, sendo neto do Homenageado, em reconhecer publicamente o merecimento do Dr. Claudionor Telógio de Andrade, ex-prefeito de Natal, para receber as honrarias da Câmara Municipal de Natal, no transcurso do seu Centenário de nascimento.

Esta comemoração da Câmara Municipal de Natal nasce da profunda admiração e reconhecimento, não apenas dos familiares e amigos próximos, mas de todos aqueles que tiveram a oportunidade de conhecer o nosso Homenageado, mesmo através de informações póstumas, em cujo perfil sempre realçou o talento profissional do advogado militante, a fecundidade de suas reflexões e lições de vida, a incomparável generosidade, e, sobretudo, o “pai de família” exemplar, caracterizado pela dedicação e amor à sua esposa, Maria Wancy Aquino de Andrade, aos seus filhos, netos e bisnetos.

O Dr. Claudionor Telógio de Andrade nasceu em 21 de agosto de 1909, na cidade de São José de Mipibú, RN. Filho de Manoel Cassimiro de Andrade e Abigail Rodrigues de Andrade contraiu núpcias com a senhora Maria Wancy Aquino de Andrade, natural de Pau dos Ferros-RN. Iniciou o curso de Direito na “Faculdade de Direito da Universidade de Pernambuco” e concluiu na “Faculdade de Direito da Universidade do Ceará”, em 1933.

Como promotor público prestou serviços nas Comarcas de Pau dos Ferros, Caraúbas, Assu e Acari. Foi juiz municipal nas comarcas de Pedro Velho, Augusto Severo, São Miguel, Apodi, Jucurutu e assistente jurídico da Prefeitura de Natal. Em 1940, passou a residir em Natal, dedicando-se à advocacia, ao magistério e ao jornalismo. Orador eloqüente, logo se destacou no Tribunal do Júri. Após a redemocratização, exerceu os cargos de Secretário Geral do Estado, na interventoria de Ubaldo Bezerra; membro do “Conselho Administrativo do RN”, por nomeação do Presidente da República; procurador fiscal; advogado da Fazenda estadual e Consultor Geral do Estado.

Elegeu-se deputado estadual na 17ª legislatura constituinte e ordinária em 1947. Pelos seus notórios conhecimentos jurídicos participou ativamente como jurista dos trabalhos de elaboração e promulgação da primeira Constituição do Rio Grande do Norte, após o “Estado Novo”. Afastou-se da Assembléia Legislativa do Estado para investir-se nas funções de prefeito municipal da cidade de Natal. Como chefe do Poder Executivo natalense consta na sua mensagem à Câmara Municipal de Natal, em 1° de abril de 1950, pioneiramente, a proposta de criação da previdência social para os servidores municipais; iniciativa da legislação que isentou do imposto predial os servidores públicos estaduais e municipais; a alteração do Plano Diretor da cidade, estruturando o bairro de Lagoa Nova; o inicio dos trabalhos de construção de galeria de águas pluviais nos bairros de Petrópolis, Tirol e Ribeira; o estudo técnico para interligação do centro da cidade de Natal com a praia da Ridinha e um plano para a distribuição de pequenos lotes de terreno nas Rocas e no Alecrim, às pessoas carentes.

Na vida pública, desempenhou, ainda, funções no governo estadual de Secretário de Estado do Interior e Justiça, tendo sido o primeiro titular da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Rio Grande do Norte, em virtude da extinção e transformação do cargo de Chefe de Polícia. Foi suplente de deputado federal, na legenda do partido que presidia no Estado – o Partido Social Trabalhista.

Durante quase duas décadas, presidiu a Ordem dos Advogados do RGN. Participou do Conselho Nacional da OAB e chefiou delegações de advogados para encontros e conferencias nacionais. Presidiu o Instituto dos Advogados do RN, órgão de cultura da classe; a Academia Potiguar de Letras (como membro efetivo) e o Partido Social Trabalhista (PST). Como jornalista profissional integrou o Conselho da Associação Norte-rio-grandense de Imprensa (ANI). Foi membro do “Conselho Técnico-Administrativo” da UFRN. O advogado e escritor Diógenes da Cunha Lima, no livro sobre a vida do Ministro José Augusto Delgado, mencionou ter sido seu aluno na “Turma da Paz” e o considerou “exemplo vivo de liderança e habilidade advocatícia, em Processo Civil”.

Pela sua atividade pública e profissional, o seu nome figura nos livros “Brasil e Brasileiros de Hoje, biografias”, de autoria do escritor baiano Afrânio Coutinho, membro da Academia Brasileira de Letras e “Rio Grande do Norte – Oradores”, do escritor conterrâneo Dr. Jurandyr Navarro, que nos honra com a sua presença nesta solenidade.

O Conselho Universitário da UFRN, por proposta do então Magnífico Reitor, Diógenes da Cunha Lima, outorgou-lhe, à unanimidade, o honroso título de Professor Emérito, por ter sido fundador da Faculdade de Direito e da UFRN. Foi agraciado com as medalhas comemorativas do centenário do nascimento de Clóvis Beviláqua, conferida pelo Ministro de Educação e Cultura, Clóvis Salgado; “Honra ao Mérito” pelos advogados do RN (11/08/1965), em reconhecimento à sua profícua atividade advocatícia e a “Medalha Osvaldo Vergara”, iniciativa da OAB do Rio Grande do Sul, pelos relevantes serviços prestados à classe dos advogados. Por ter exercido mandato de deputado estadual constituinte, a Assembléia Legislativa do Estado prestou-lhe homenagem póstuma em 1981, por iniciativa do seu ex-aluno, deputado estadual, Luiz Antonio Vidal, ocasião em que falaram os deputados Dary Dantas, Márcio Marinho e Roberto Furtado.

Faleceu em Natal-RN, na Casa de Saúde São Lucas, em 09 de novembro de 1980. No velório, o filho Epitácio Andrade, traduzindo a dor da sua dedicada mãe, irmãos, irmãs e familiares, iniciou a declamação do soneto de Augusto dos Anjos: “A árvore da terra”. Tomado pela emoção, não concluiu a leitura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário