terça-feira, 17 de novembro de 2009

NEY LOPES

Política com capa, Gazeta do Oeste
Entrevista publicada em 15 de novembro de 2009



O advogado e ex-deputado federal Ney Lopes concedeu entrevista exclusiva à GAZETA DO OESTE, oportunidade em que falou a respeito do processo sucessório estadual e a possibilidade de tentar retornar à Câmara Federal.


GAZETA DO OESTE - O senhor será candidato a deputado federal novamente, enquanto seu filho, Ney Júnior, se candidatará a deputado estadual, como estratégia para fortalecer a coligação da senadora Rosalba Ciarlini Rosado. Essa informação é verdadeira?

NEY LOPES - O verdadeiro é que a cúpula do DEM recomenda a minha candidatura, em razão de ser um dos fundadores do Partido e ter uma longa vida pública, graças a Deus bem avaliada. Recebi a convocação, juntamente com o meu filho vereador Ney Jr. O DEM dará legenda para os dois. Nada, porém, está decidido.
Existe realmente a hipótese de ser candidato em 2010. Há quem defenda a "dobradinha" (Ney Lopes e Ney Júnior). Eu pessoalmente sou favorável a que seja um ou outro candidato, embora o convite tenha sido para os dois. O meu desejo é ser suplente do senador José Agripino - onde não disputaria o voto direto - e engajar-me na campanha de Rosalba para o governo. Afinal, tenho serviços prestados ao partido, ao RN e ao país. Isto não depende de mim, mas sim da opinião dos demais integrantes do DEM. É preciso saber se essa fórmula é conveniente, principalmente para aqueles que já têm mandato. Não desejo conflitos. Desejo somar. Não posso negar o desejo de Ney Jr. candidatar-se a deputado estadual. Ele tem vocação pública. Está fazendo um excelente trabalho legislativo como vereador em Natal. Já conseguiu provar que não é só o filho de Ney Lopes na política. Ele é também filho de Ney Lopes e tem perfil próprio.
Portanto, ele poderá ser candidato em 2010. Vamos esperar e ver como tudo caminhará.


GO - As suas bases eleitorais continuam lhe apoiando?

NL - O fato de Garibaldi Alves ter perdido a eleição em 2006 e eu como seu vice ter ficado sem mandato fez com que grande parte das minhas bases migrasse para outros candidatos. Todavia, recebo muitas indagações e até apelos para que seja candidato em 2010. Se for candidato em 2010 irei buscar o apoio do cidadão diretamente, olho no olho, independente de chefia, liderança, ou ofertas econômicas. Se eu ganhar, o meu compromisso será com o cidadão-eleitor. Claro que se alguma liderança me apoiar será bem-vinda e receberá a minha reciprocidade. Tenho realmente vontade de fazer este teste. Não teria a obrigação de ganhar a eleição. Com humildade, cumpriria apenas o dever de oferecer a opção do meu nome para avaliação do eleitor, que livremente poderia votar em mim, sem atender pedidos de a, b ou c, nem receber recompensas econômicas. O eleitor votaria, simplesmente porque acreditaria que poderei representá-lo bem, sobretudo em razão dos resultados alcançados na minha atividade parlamentar, no passado. Dessa forma, colocaria a minha vida pública na vitrine e aguardaria o julgamento livre do povo. Se terei dezenas, centenas ou milhares de votos é menos importante. Talvez, o mais importante seja a consciência de que ajudaria o eleitor fazer a reforma política, que até hoje o Congresso não teve coragem de fazer. Entretanto, não estou decidido, ainda. Estou mais para não ser candidato do que para ser, salvo se sentir que ainda posso ter apoios consistentes. Talvez valesse a pena uma tentativa para depois - ganhando ou perdendo - escrever um livro que serviria de exemplo concreto às futuras gerações. Ganhando, receberia a justa recompensa por ter trabalhado tanto - como trabalhei - em benefício do RN e do Brasil. Se perdesse, ficaria demonstrado que a honradez e os serviços prestados de nada valem para o eleitor votar. Estaria provado que na política só valeriam as práticas escusas, os conchavos por baixo do pano e a moeda sonante. Vamos ver. Nada está decidido. Apenas idealismo e crença em Deus, no povo e a humildade de não temer insucessos. Só se pode saber se o povo é responsável ou não pelos escândalos políticos que estão aí - com exceções honrosas - se alguém tiver coragem de ir à luta.

GO - Comenta-se que a sua candidatura a deputado federal prejudicaria Felipe Maia e Betinho. É verdade?

NL - Jamais aceitaria qualquer fórmula para prejudicar a eles, ou a quem quer que seja. Não tenho ambições pessoais. Se for candidato será por convocação partidária e pelo desejo de servir ao RN e ao país. Estou muito bem, advogando no Estado, em São Paulo e Brasília. Portanto, em qualquer circunstância levaria em consideração as opiniões de Betinho, Felipe e demais integrantes do DEM.


GO - Como o senhor chegaria ao cidadão-eleitor para pedir-lhe o voto?

NL - Os meios seriam os programas gratuitos de rádio, TV, jornais, a Internet e o contato direto com o povo. Não teria dinheiro para grandes mobilizações, nem compra de colégios eleitorais. Andaria pelas cidades, falando com as pessoas e entregando-lhes relatos do que fiz antes como deputado federal e o que pretendo fazer. Nada do marketing milionário das campanhas de hoje em dia. Até porque não tenho dinheiro para isto. Aceitaria as doações legais que me fossem feitas e em função delas ampliaria o alcance da campanha.


GO - Quais compromissos apresentaria ao cidadão eleitor?

NL - O único compromisso seria representá-lo honradamente, como fiz no passado. O povo já me conhece e sabe como atuo na política. Honradez não tem receita. Tem atitudes permanentes. As prioridades de trabalho seriam muitas. Destacaria, no momento, três: luta legislativa pela geração de empregos e oportunidades, com o aproveitamento do RN para implantação de uma área de livre comércio, com núcleos de produção industrial na grande Natal, Oeste, Seridó, Sertão, Agreste e Vale do Açu; maior proteção aos beneficiários da Previdência Social brasileira, sobretudo os aposentados e maior extensão para o financiamento ao estudante - o crédito educativo, projeto de minha autoria em 1975 -, hoje chamado de FIES. Lutaria para os jovens terem crédito em todos os bancos (linhas especiais) para financiarem não só o pagamento das faculdades, mas, sobretudo, a sobrevivência pessoal, durante o período acadêmico. Quando criei o crédito educativo era assim. Hoje o financiamento beneficia somente as universidades privadas, que recebem as anuidades na boca do cofre. E os alunos das faculdades públicas, por que não têm direito ao financiamento - como concedi no meu projeto de 1975 e foi cancelado - para atenderem a sua sobrevivência, no dia a dia? O crédito educativo deve ajudar diretamente o estudante carente, inclusive na sua manutenção para poder estudar.

GO - Seria candidato a deputado federal?

NL - Poderia ser federal ou estadual, ou - o que realmente desejo - a suplência do senador José Agripino. Caberá ao DEM analisar se tenho ou não merecimentos para isto. O critério da indicação de suplência é a recompensa pelo dever cumprido e a lealdade partidária. Acho que preencho os dois requisitos.

GO - O seu partido espera conquistar quantas cadeiras na Assembleia Legislativa ano que vem? Existe algum planejamento nesse sentido?

NL - Planejamento, não. Apenas desejo estratégico que o DEM se coloque no quadro político local, já que terá uma candidata à governadora e um candidato ao Senado. Tudo isto passa pelo respeito e a boa convivência com os nossos aliados na coligação. Nada será decidido isoladamente. Somente será aprovado aquilo que beneficiar a coligação como um todo. Nunca pessoas, ou partidos.


GO - Como o senhor observa o quadro atual em relação à definição das candidaturas para sucessão da governadora Wilma de Faria?

NL - Nisto tudo eu só estou seguro que a nossa candidata será Rosalba Ciarlini e vamos lutar para elegê-la no primeiro turno, junto com José Agripino.

GO - O Senhor acha que Garibaldi, Robinson e o PMDB apoiarão Rosalba para o governo?

NL - Não sei. Vamos aguardar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário