terça-feira, 24 de novembro de 2009

QUEM SERÁ O FUTURO PRESIDENTE?

Cultura/Coluna Opinião, Gazeta do Oeste
Artigo publicado em 22 de novembro de 2009

Ney Lopes -jornalista,
advogado e ex-deputado federal

A campanha eleitoral de 2010 está nas ruas. Quem será o futuro presidente? Especula-se o possível recuo da candidatura de José Serra, que não acredito. Fala-se que depende da ministra Dilma Rousseff crescer e ameaçá-lo na liderança das pesquisas. Nesse caso, ele preferiria não correr riscos e candidatar-se à reeleição, concluindo a excelente obra administrativa que realiza em São Paulo. Talvez por isto, o governador Aécio Neves fixou o prazo para lançamento do candidato do PSDB até dezembro. Caso não ocorra a escolha do nome tucano, se lançará candidato a senador. Aécio é muito bem avaliado em Minas, tem 50 anos e poderá candidatar-se novamente a governador em 2014, enquanto aguardará a vez de disputar a presidência da República.
Em 1994, Serra insistiu em ser candidato a governador de SP. Alkimin, que era o presidente estadual do PSDB, propôs que ele disputasse prévia interna do partido com Mario Covas. Serra desistiu e Covas se elegeu e se reelegeu em 1998. Dois anos depois, Serra de última hora resolveu ser candidato a prefeito de SP e perdeu.
O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia lidera corrente favorável à candidatura de Aécio Neves. Recebe o apoio da ala jovem dos democratas, mais próxima da geração de Aécio. Esse grupo argumenta que o governador de Minas teria, de saída, o apoio do PP (partido presidido pelo seu tio senador Dornelles), de fatia do PMDB (o senador-ministro Hélio Costa, líder das pesquisas para governador de Minas, declarou que não ficará contra ele), do PSB (Ciro Gomes já disse que aceita ser o seu vice) e outros partidos. Aécio poderia até agregar o PT de Minas, com quem manteve laços de parceria política, na eleição de prefeito de Belo Horizonte.
Para "apagar o fogo", o governador José Roberto Arruda do DF reuniu esta semana, a bancada do DEM em sua residência e conseguiu o consenso de que o partido apoiará o candidato do PSDB, seja ele quem for. Não se definiu nome.
Na verdade, o jogo será duro. Almocei em Brasília com parlamentares de partidos diversos, quando fui proferir palestra na Câmara dos Deputados sobre patentes. Falou-se que o mal da oposição brasileira é ter criticado muito e não apresentar alternativas. Em tal situação, o eleitor poderia hesitar em derrotar Lula, a quem se atribui inegável força política e eleitoral.
Em 2002, o PT era muito mais virulento nas críticas, do que os opositores de hoje e não apresentavam propostas. No lançamento do plano real (a salvação do Brasil), os petistas patrocinaram o slogan: "parece real, mas trata-se de pesadelo'". Além disso, lideraram o movimento "fora FHC", votaram contra a lei de responsabilidade fiscal (uma insanidade!) e o câmbio flutuante, que equilibrou as contas externas.
Está provado que o brasileiro não valoriza propostas. Infelizmente, vota em função do momento eleitoral e do clima emocional. Torna-se difícil antecipar 2010, embora as pesquisas demonstrem folgada vantagem do governador José Serra. Vantagem ele tem, porém não pode vacilar. Eleição só se ganha na urna. Pura ficção essa história de que Lula não transfere votos. No passado, Lula condenava a tudo e a todos com a célebre frase: "lamentavelmente você tem uma parte grande da sociedade, que pelo grau de empobrecimento é conduzida a pensar pelo estômago e não pela cabeça".
Hoje, o presidente Lula faz justamente o contrário, do que condenou. Dá a bolsa família e induz o carente a votar pelo estômago e não pela cabeça. Prevalecerá o estômago, ou a cabeça do povo mudou? Mesmo sendo incoerente, o presidente transferirá votos, com o poder nas mãos? Somente Dorys Day responde: "que será, será!"

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