segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

É isto mesmo!

Opinião, Diário de Natal
Artigo publicado em 13 de dezembro de 2009

Ney Lopes
Jornalista, advogado e ex-deputado federal

Continua a saga da política local e nacional. Escândalos de corrupção aqui, palavrões acolá; absolvições antecipadas, sem defesa prévia, a cata de votos; condenações também sem direito a defesa prévia, em nome da ética e da probidade.

Na última quinta, o presidente Lula, ao participar em São Luiz de "comício antecipado" a favor da sua candidata Dilma Rousseff, disparou mais uma vez os "palavrões" freqüentes no seu dia a dia: "eu quero saber se o povo está na merda e eu quero tirar o povo da merda em que ele se encontra".

Em agosto, o presidente usou o mesmo repertório de palavrões em público para passar uma descompostura no seu Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que de cabeça baixa ouviu em Itaipu, na assinatura do acordo hidrelétrico com o Paraguai: "vai t..., Lobão! Não me venha com esse papo. Vocês querem que o Brasil repita com os países pobres o mesmo imperialismo dos Estados Unidos com toda a América do Sul. Vai t...". Sem atender as advertências dos auxiliares mais próximos, Lula continuou o discurso de apoio ao "companheiro galanteador", Fernando Lugo, presidente do Paraguai e afirmou: "o Brasil tem uma responsabilidade muito grande com os vizinhos, ainda mais com o Paraguai, teve a guerra. Vocês querem f... o Lugo, mas não vão".

Outra vez, em entrevista Lula introduziu a metáfora "sifu" na análise política brasileira, para justificar o seu otimismo em relação à crise social atual. Afirmou que diante da gravidade da doença, o aconselhável é o médico dizer que irá recuperar o paciente e não que o paciente "sifu" !!!

Em 2008, na campanha de Micarla de Souza em Natal, usou expressões ásperas, consideradas pelo senador José Agripino no Senado Federal como "tentativa de calar e intimidar a oposição". Na oportunidade, o então presidente, Garibaldi Alves, aliado do governo federal defendeu o presidente e condenou o senador José Agripino por "tripudiar sobre os vencidos, que não é o melhor caminho dos vencedores". Hoje são pré-aliados, de novo. Faltasó Garibaldi ter a certeza de que Rosalba ganhará a eleição, para "atirar na testa" e tentar reeleger-se senador, junto com o seu pai. A estratégia está agora facilitada, pelo enfraquecimento recente de Henrique Alves, alvo de homenagens afetuosas e fraternas no seu aniversário, até de possíveis correligionários em 2010.

Na sucessão presidencial, o PT lançou oficialmente a candidatura de Dilma, no seu último programa gratuito em rádio e TV. Abertamente, o partido usou o espaço da mídia com Lula e a candidata à presidente da República. A idéia subliminar foi a de que o país está bem e precisa continuar assim. A ministra-candidata associou sua imagem a todos os programas sociais do governo, mesmo sendo de outros ministérios.

Por muito menos do que isto, a senadora Rosalba Ciarlini e a TV Tropical foram condenados pela veiculação de entrevista nas eleições de 2006. Alegou-se violação ao artigo 36 da lei 9.504/97. O próprio Lula foi também condenado em 2006, por prática de propaganda eleitoral antecipada, inclusive publicações de responsabilidade da Casa Civil, do ministério do Planejamento e da Secretaria Geral da Presidência da República.

Se o programa do PT de quinta passada não for considerado "propaganda antecipada", essa figura jurídica terá sido revogada do direito brasileiro.

A pergunta no ar, daqueles que acreditam na ética política, é sobre o que fazer, diante de quadro tão caótico. Conclui-se que a clemência com alguns acusados, a união dos contrários e a antecipação da propaganda visam unicamente a defesa do princípio: "quem está dentro não sai; quem está fora não entra".

É isto mesmo!

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