segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Transporte público e saúde: as maiores queixas

Política, Diário de Natal
Matéria publicada em 10 de janeiro de 2010

Além de estrutura, não há conscientização de parte daqueles que lidam diariamente com os idosos
Jussara Correia // jussaracorreia.rn@dabr.com.br

O desrespeito no transporte público é o problema mais denunciado pelos idosos, segundo a promotora."Muitos chegam na parada, o ônibus não pára ou são arrastados.No Estatuto está dizendo claramente que o idoso não precisa de outro documento além da sua identidade, ou qualquer documento com uma foto. Ainda tem a questão de subir pela porta de trás, no contra fluxo, correndo o risco de cair. Só sobe pela frente quem tiver um cartão. Existem motoristas que estão sendo penalizados por acidentes com idosos. Mas até que ponto a culpa é toda deles? Se a Semob se unisse aos empresários do transporte e fizessem um trabalho de concientização com os motoristas isso mudaria. Um decreto da prefeita pode resolver. Por isso que eu digo, falta política pública sim", disse Iadya.
Outro problema citado pela promotora é a questão da saúde. "Se a gente fizer uma pesquisa para saber o que o idoso quer ter garantido, ele vai dizer que é a sua autonomia na saúde. É ter condições de ir na cozinha da casa dele, pegar um copo de água, escovar os próprios dentes. Esse tipo de autonomia que ele tem medo de perder. Depois vem o resto, a casa, o lazer. Por que ele não tem acesso à saúde? Por que não há políticas voltadas para que esse idoso tenha uma assistência? Se ele ficar doente
vai ser pior. A gente vê que não tem PSF em toda área de Natal que faça esse acompanhamento. Às vezes eles vão na Unicat e está faltando remédio. É preciso que se crie uma política forte, organizada, planejada, voltada para a questão da saúde do idoso", afirmou. Os valores mais altos nos planos de saúde para o idoso, segundo Iadya, é mais um ponto que dificulta o acesso aos serviços.

A facilidade de liberação de crédito nos bancos para pessoas idosas também é considerado um problema, segundo Iadya. "Os representantes dessas instituições vão para dentro da casa do idoso e mostram facilidades. Mas aquele empréstimo é para sustentar a família. Às vezes o idoso não tem noção do que está fazendo, porque está em cima deuma cama. Imagine o que temos de violência. Porque a violência não é só
física, é psicológica. Muitos familiares ameaçam colocar em asilos. O idoso tem renda, mas não é para ele", afirmou.

A falta de uma vara especializada na Justiça é mais um agravante para a situação dos idosos potiguares. Mas, segundo a promotora, o Ministério Público está se mobilizando. "O idoso é consumidor, credor, devedor, pode ser processado criminalmente. Então a tramitação dos processos acontecem independente de ter uma vara específica. E o idoso tem que ter prioridade no atendimento. O que estamos buscando é que haja uma vara especializada para casos onde hajam situações de risco, como maus tratos", explicou.

Ampliação

Em fevereiro de 2009, um projeto de lei de autoria do vereador Ney Lopes Júnior (DEM), ordenando que a fixação da idade da pessoa idosa na capital fosse a partir dos 60 anos, foi aprovado na Câmara Municipal de Natal. No entanto, o projeto foi vetado pela prefeita Micarla de Sousa (PV) sob o argumento de inconstitucionalidade. De acordo com o parlamentar, a mobilização contrária à lei que ampliava o acesso a
uma série de direitos, nasceu pela aplicação dos 60 anos, para efeito de gratuidade nos transportes coletivos em Natal.

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