segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Conversando com... Ney Lopes Júnior - 15

Blog do Carlos Santos
Nota publicada em 21 de fevereiro de 2010



Vereador em primeiro mandato em Natal, o advogado-jornalista Ney Júnior (DEM) vem de
ótima extração política: é filho do ex-deputado federal e ex-presidente do Parlatino Ney Lopes (DEM).

Em nossa série "Conversando com..." ele é inquirido sobre diversos temas relacionados ao ambiente político da capital potiguar, projeto Assembleia Legislativa, sucessão estadual etc.

Leia abaixo:

Blog do Carlos Santos - O senhor compõe bancada da prefeita Micarla de Sousa (PV) na Câmara de Natal, atuando em primeiro mandato. A experiência de defender um governo que busca uma afirmação, reflete como em seu trabalho parlamentar?

Ney Júnior - Reflete de forma positiva pois não sou da bancada do Governo apenas para aplaudir. Voto sempre naquilo que eu acredito ser correto e quando identifico alguma falha ou algo que possa ser melhorado procuro conversar com o Executivo para expor minha opinião.

BCS - Vereador, o senhor já apresentou mais de dez projetos de lei, tem sido frequente na tribuna da Casa e preside a importante Comissão de Legislação, Justiça e Redação Final da Câmara de Natal. Essa proeminência parlamentar deriva de que fatores? Há uma pobreza intelectual e de conteúdo na Casa ou o senhor é que revela valores para tal destaque?

NJ - Procuro cumprir o meu mandato de vereador sem perder os princípios das minhas profissões (advogado e jornalista). Acho que a política, o jornalismo e o Direito se completam. Não tenho dúvidas de que a minha formação jurídica contribui muito para o exercício do meu mandato. Isto não quer dizer que quem não tenha uma formação jurídica não possa exercer um bom mandado. Mas só posso falar por mim. Cada qual tem seu estilo.
Ao final quem julga é o povo...

BCS - Seu pai, ex-deputado federal Ney Lopes, foi um dos mais destacados legisladores do país no espaço de tempo que ocupou na Baixa Câmara em Brasília. Qual o papel que ele tem em seu mandato? É um assessor informal ou um pai vigilante e inspirador?

NJ - Eu sempre acompanhei muito de perto os mandatos do meu pai em Brasília. Elaborava projetos de lei, preparava pareceres, votos, etc... E ainda discutíamos em casa os projetos em tramitação na Comissão de Justiça da Câmara Federal. Aprendi muito. Hoje ele continua sendo minha fonte de inspiração e me aconselha bastante. Muito mesmo. Nada como 24 anos de experiência no Congresso Nacional (no caso dele). Mas procuro andar com os meus próprios pés e conquistar o meu próprio espaço. Tenho extremo orgulho de ser filho de Ney Lopes mas quero que as pessoas me identifiquem pelo meu trabalho.

BCS - Natal sofre com inchaço demográfico numa crescente conurbação com municípios limítrofes, é vítima da exploração imobiliária, está asfixiada por trânsito cosmopolita e experimenta violência crescente. Mas a saúde também definha. O que fazer por uma "Cidade do Sol" com tantos problemas?

NJ - A palavra chave é "planejamento". Natal não tem um planejamento urbano, por exemplo, para os próximos 20 anos. O Plano Diretor da cidade é ultrapassado. É preciso saber onde queremos chegar, quais as metas, quais os principais problemas da cidade e o que queremos ser daqui a 20 anos. E daí ir construindo tijolo a tijolo. A política partidária atrapalha muito uma administração. As indicações podem até ser políticas mas os indicados precisam necessariamente ter preparo intelectual e compromisso com o cargo que vai ocupar sempre pautado em metas a atingir. Outra palavra chave para uma administração de
sucesso é a "segurança jurídica" que o Poder Público deve proporcionar para os investidores nacionais e internacionais. As coisas não podem ser na base do "achômetro". É preciso ter segurança no que se diz e no que se fala.

BCS - O senhor caminha para uma postulação à Assembleia Legislativa em 2010. Não é cedo par esse novo salto, sem sequer completar a metade do primeiro mandato parlamentar?

NJ - A autonomia constitucional do Poder Legislativo Municipal ainda é algo muito recente e restrita no Brasil. O trabalho legislativo de um deputado é bem mais amplo e eu gosto de discutir, elaborar e debater leis que possam contribuir com o desenvolvimento econômico e social do nosso Estado. O nosso potencial econômico é muito grande. Como vereador, função esta que me orgulha bastante, o trabalho termina limitado apenas ao município. Quanto ao "novo salto" eu acredito ser uma oportunidade que está surgindo. E não devemos perder as oportunidades que a vida nos proporciona. Me considero um político por vocação e não por profissão.

BCS - O quadro de pesquisas até ano passado revelava posições de dianteira para a senadora Rosalba Ciarlini (DEM) ao governo, além de bom andamento no projeto de reeleição dos senadores Garibaldi Filho (PMDB) e José Agripino (DEM) ao Senado. O clima é de já-ganhou ou podem ocorrer reviravoltas?

NJ - O clima deve ser sempre de muito trabalho. Não devemos nos influenciar por pesquisas. Mesmo que elas sejam favoráveis ao nosso sistema político. Pesquisa é apenas um indicativo. Uma fotografia do momento. Jamais devemos cair nesta estória de "já-ganhou". Não existe eleição ganha, nem perdida.

BCS - Em sua ótica, quais os reflexos da campanha à Presidência na disputa paroquial do Rio Grande do Norte? A tônica será a retórica em cima de temas nacionais ou o lengalenga nativo?

NJ - A campanha este ano será um "salve-se quem puder". O que menos influenciará será a eleição presidencial. Mas o eleitor deverá estar atento as propostas dos candidatos ao Governo do Estado. Isto é fundamental. Veja por exemplo o Governador Aécio Neves. Exerceu o cargo por 08 anos tendo Lula como Presidente. Partidos completamente opostos e divergentes. Mas mesmo assim fez uma grande administração.

BCS - Que modelo de gestão deve ser adotado, para que tenhamos o binômio crescimentodesenvolvimento em evidência?

NJ - Repito: o governante tem que administrar sem politicagem. O Governo do Estado deve ter a mesma mentalidade de uma empresa privada. Regras claras, bem definidas e as cobranças devem ser por produção. A diferença é que na iniciativa privada o lucro é financeiro e no caso do Poder Público o lucro tem que ser social e voltado para o desenvolvimento sobretudo econômico do Estado que é o que gera emprego e renda.

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