terça-feira, 17 de agosto de 2010

DEBATE DOS PRESIDENCIÁVEIS

Cultura/Coluna Opinião, Gazeta do Oeste
Nota publicada em 15 de agosto de 2010

O fato político relevante da semana foram as entrevistas e debates de TV, dos principais candidatos à Presidência da República. A campanha esquenta e aumenta a participação popular, sobretudo daqueles que se declaram indecisos.

O ex-governador José Serra mostrou desenvoltura na abordagem dos problemas nacionais e “jogo de cintura” político. A ex-ministra Dilma Rousseff revelou nervosismo no vídeo. Os seus correligionários – inclusive o presidente Lula - incriminaram os entrevistadores. Grave equívoco.

Cabia a candidata governista se preparar melhor para sair bem na foto e não culpar o fotografo e a máquina fotográfica.

Marina Silva tentou capitalizar eleitoralmente a sua história de vida. As duas emissoras de TV partiram na frente e contribuíram para esclarecer a população. O debate dá oportunidade para o eleitor conhecer os mais capazes e eliminar a mediocridade dos despreparados, sem idéias e propostas viáveis. Sempre defendi – inclusive com projetos de lei –, o aumento do tempo e a transformação do horário eleitoral gratuito nas eleições majoritárias, em debates permanentes, tempo igual para todos, escolha dos nomes e seleção dos temas, coordenado pela Justiça Eleitoral, com produção jornalística, que permita perguntas desafiadoras e garanta o interesse do público.

Do ponto de vista político, os debates e entrevistas demonstraram, de um lado, a candidata Dilma, tentando trazer FHC para a campanha. De outro, Serra repetindo que o candidato em 2010 não é Lula. Marina concentrada no meio ambiente. O tucano faz questão de dá prioridade ao futuro do país e não ao passado. Exemplificou com a expectativa da Copa de 2014. Disse que o importante não é falar de Scollari e Dunga, mas sim preparar uma boa seleção, corrigir erros e aproveitar os acertos de ambos. Outro ponto foi a acusação nas entrelinhas, de que a postura “light” de Serra seria o “medo” de enfrentar a popularidade de Lula. O candidato do PSDB negou. Insistiu que o Brasil pode muito mais, para alcançar metas, além das conquistas do governo Lula. Marina Silva não abdicou do “sotaque” autoritário da esquerda radical. Referiu-se ao DEM com desprezo. Enquanto isto, se acompanha de um capitalista e milionário, como seu vice.

A propósito do DEM, os debates deram chance a Serra de explicar a escolha do seu vice e o chamado “mensalão de Brasília”. Ele citou o fato do deputado Índio da Costa ter experiência política, com quatro mandatos exercidos. A repórter discordou, ao considerar sem peso os três mandatos de vereador no Rio. Serra saiu-se bem. Não só elogiou a importância e a experiência política de um vereador, como alfinetou ser muito mais grave o candidato, que nunca exerceu nenhum mandato eletivo. Lembrou Dilma. Sobre o governador Arruda, o tucano deixou claro que o DEM o puniu com a expulsão do partido. Enquanto isso, o PT nenhuma punição aplicou aos seus “mensaleiros” e coloca o ex-ministro José Dirceu como orientador da candidata Dilma Rousseff.

Na economia, o dado revelador foi a denuncia de que de 2003 para cá, a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) arrecadou R$ 65 bilhões para aplicação em transportes e estradas no país. O governo federal só gastou R$ 25 bilhões. A conseqüência são as nossas principais BRs transformadas em “rodovias da morte”. Todas as informações ficaram na mente coletiva. Certamente, as próximas pesquisas refletirão a influência maior, ou menor dos debates. Aguardemos!

Ney Lopes - Jornalista, advogado e ex-deputado federal. nl@neylopes.com.br - www.neylopes.com.br

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