quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Mercado persa

Política/Coluna César Santos, Jornal de Fato
Nota publicada em 12 de agosto de 2010

A disputa pelo voto assemelha-se a verdadeiro mercado persa. O alerta é feito pelo ex-deputado federal Ney Lopes de Souza, que se diz assustado com a “corrupção generalizada” na presente campanha eleitoral do Rio Grande do Norte. Lopes, que tem o filho Ney Júnior (DEM) disputando uma vaga à Assembleia Legislativa, diz, em artigo, que vários candidatos fizeram contundentes denúncias de “compra de votos” nesta campanha, citando o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB), deputado Getúlio Rego (DEM), candidato ao Senado Sávio Hackradt (PDT), além do próprio filho. “O mais grave é o fato de o não-atendimento das „exigências‟ implicar em barreiras de todo tipo para dificultar o contato do candidato com a população”, denuncia, para ressaltar: “Tenho uma longa vida pública e experiência de campanhas. Devo dizer que nunca vi tanta corrupção eleitoral quanto agora à luz do meio-dia”, para grifar adiante: “As festas populares, religiosas, vaquejadas, etc., tornam praticamente impossível a presença de candidato que não leve uma mala de dinheiro e tenha as bênçãos do prefeito, vereadores ou algum chefe político local.” A denúncia feita por Ney Lopes é gravíssima, porém não chega a ser novidade. Temos ouvido relatos vindos de todos os cantos e recantos do Rio Grande do Norte. Uns mais absurdos do que outros. E questionamos a quem se sente prejudicado: por que não denuncia à Justiça Eleitoral? Quando o candidato cede a esse tipo de negócio, ou mesmo rejeita mas fica calado, passa a ser parte integrante desse esquema vicioso. Outro ponto a ser observado é que o candidato não precisa das lideranças regionais, os chamados “donos” dos votos, para fazer o contato direto com o eleitor. Não acreditamos em barreira. O fato é que o candidato só sabe chegar em uma região distante de suas origens pelas mãos da ditas lideranças, o que acaba valorizando esses agentes nocivos ao processo político-eleitoral. No entanto, a denúncia feita por Ney, por sua gravidade, não pode ficar no campo da retórica. A Justiça Eleitoral deve, e tem essa obrigação, de investigar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário