terça-feira, 16 de novembro de 2010

A hora dos "empregos verdes"

Diário de Natal, Opinião
Nota publicada em 14 de novembro de 2010

Ao encerrar-se o ciclo eleitoral brasileiro chega à hora de viabilizar propostas e ideias, sobretudo em nível de preservação ambiental, que tiveram grande destaque no debate sucessório presidencial. As expectativas voltam-se para a multiplicidade de carências coletivas. Um desafio parece sintetizar as esperanças nacionais. Trata-se de meios inovadores, que enfrentem o desemprego. Por mais que se coloque prioridade à saúde, à segurança pública, à educação e outros, a causa principal dos males sociais está na falta de emprego. O cidadão se amesquinha, por sentir-se inútil e incapaz de prover a sua subsistência e da família.

A propósito da oferta de novos empregos, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) lidera mobilização mundial, em torno da geração dos chamados "Green Jobs" (empregos verdes). A ideia junta o útil ao agradável. Cria empregos e contribui na preservação do meio ambiente. A iniciativa enfrenta três dos principais desafios neste século XXI: o fenômeno das mudanças climáticas, o fantasma da crise econômica e o déficit de postos de trabalho.

Para a OIT, o conceito de "empregos verdes" resume a transformação das economias, das empresas, dos ambientes de trabalho e dos mercados laborais em direção a uma economia sustentável que proporcione trabalho decente, com baixo consumo de carbono.

A previsão é que os "empregos verdes" elevem mais de 1,3 bilhões de pessoas acima da linha da pobreza e ofereçam funções dignas para 500 milhões de jovens que ingressarão no mercado de trabalho durante os próximos 10 anos, em todo o mundo.

Os "empregos verdes" contribuirão, ainda, para que 1,6 bilhões de pessoas tenham acesso a formas modernas de energia elétrica, moradias dignas e sistema de saneamento para mais de um bilhão de habitantes dos bairros pobres, nas megacidades globais.

Além disso, contribuem para reduzir o consumo de energia e matérias-primas, evitando dessa forma as emissões de gases de efeito estufa. Reduzem, igualmente, os resíduos e a contaminação, bem como restabelecem os serviços do ecossistema como a água pura e a proteção da biodiversidade. Estes postos de trabalho estariam concentrados na agricultura, indústria, construção civil, instalação e manutenção, atividades científicas, técnicas, administrativas e de serviços, que contribuem substancialmente para a preservação ou restauração da qualidade ambiental.

Apenas no setor de construção civil, o consumo de energia pode reduzir até em 30%, a custo zero até 2030. Na Alemanha, um programa iniciado em 2001, já resultou na construção de cerca de 300 mil apartamentos por ano e na redução de 2 mil toneladas de gás carbônico anuais. Foram criados 200 mil empregos diretos. Cada euro público destinado ao programa atraiu outros 4 a 5 euros de investimentos privados. Vários estudos colocam os "empregos verdes" como o rumo do trabalho decente em um mundo sustentável, com baixas emissões de carbono.

A Organização Mundial do Trabalho (OIT) estima a criação de cerca de 2 bilhões dos chamados empregos verdes até 2050, na medida em que as empresas mudem as tecnologias usadas na linha de produção para uma economia de baixo carbono.

Com a palavra o novo governo brasileiro. É possível o país assumir posição de liderança na América Latina, na geração de "empregos verdes". Aguardemos!

Ney Lopes, jornalista, advogado e ex-deputado federal, escreve neste espaço aos domingos.

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