segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Na Jordânia e Israel

Opinião, Diário de Natal
Nota publicada em 21 de novembro de 2010

Ney Lopes // www.neylopes.com.br

Sempre desejei visitar a terra santa. Aproveitei recente viagem à Alemanha e fui a Israel e Jordânia. Estes países provocam dúvidas, quanto à segurança. Inegavelmente há apreensão, da mesma forma que se tem em relação à violência no Brasil. Só que lá existem fortes medidas preventivas. Em Israel, o aparato policial é discreto. A Jordânia se protege de ações da Al-Qaeda, que em 2005 foi responsável por três atentados simultâneos, que ocorreram no Hotel Radisson de Amann, durante uma festa de casamento. A fiscalização na entrada dos hotéis assemelha-se aos nossos aeroportos. Todos são gentis e educados.

O governo da Jordânia irrita os terroristas, por ser aliado dos Estados Unidos. Fantástica a visita ao mar morto. Situado a 416 metros abaixo do nível do mar é o ponto mais baixo da superfície terrestre, onde deságua o rio Jordão, no qual Jesus se batizou. A água quente, balsâmica é dez vezes mais salgada do que a água do mar. À beira mar, a profundidade já alcança quatro metros. Imperdível pincelar a lama preta no corpo, rica em sais minerais, que rejuvenescem as pessoas. Não há vida (nem peixes, nem algas). Impossível nadar. O banhista não afunda. Flutua e pode até ler jornal, deitado na água.

Prevê-se que em 2050 este mar possa secar. A cidade de Petra, maravilha do mundo, é outra atração da Jordânia. Fundada pelos nômades nabateus no século VI a.C, Petra se transformou na rota mais importante do comércio que ligava a China, a Índia, Egito, Síria e Roma. O teatro romano esculpido na pedra dispõe de três mil lugares sentados. Petra foi descoberta pelo suíço Johann Ludwig, em 1812. Os comerciantes nabateus dominaram a cidade durante dois mil anos.

Em Amann, capital da Jordânia, ocorreu comigo e Abigail, um fato inesperado. Estava filmando mansões de milionários jordanianos, com inscrições de ouro maciço nos pórticos, quando, inopinadamente, dois seguranças seguraram a minha câmera e anunciaram a apreensão. Suspeitaram que fosse terrorista. Fiquei tenso. Toda a viagem estava registrada no equipamento. Argumentei ser brasileiro. Percebi a simpatia pelo Brasil. Perguntaram sobre a nossa seleção de futebol e a cidade de São Paulo.

Desistiram da apreensão. Porém, o medo foi grande! Em Jerusalém, certos locais sagrados não guardam a mística e a liturgia religiosa. O comércio ostensivo na via dolorosa choca o visitante católico. A cidade, ponto central do judaísmo e do cristianismo, é considerada sagrada para o Islã. Em Jerusalém foi estabelecida a primeira comunidade cristã do mundo. No monte Sião, Jesus e os discípulos celebraram a Santa Ceia.

No Getsêmane, aos pés do monte das Oliveiras, Jesus passou a noite antes de sua prisão, após ser traído por Judas. Pediu aos apóstolos que não dormissem para vigiarem o local. Todos adormeceram, sem exceção. Manifesta-se a natureza humana! As margens do mar da Galiléia, local onde Jesus exerceu o seu ministério, situam-se resorts de alto luxo. Cafarnaum, a cidade onde nasceu Pedro, Jesus curou enfermos, pregou na sinagoga e fez milagres. Originária de Belém (Cisjordânia), a sagrada família fixou-se em Nazaré, próxima a cidade de Cafarnaum.

Ao completar trinta anos, Jesus se transferiu para Cafarnaum. Em Nazaré, ninguém dava valor às suas pregações. Confirma-se na Bíblia, o ditado popular de que "santo de casa não obra milagres". Emociona conhecer Belém, no território palestino, separado de Israel por um muro de quase 10 metros de altura. Chega-se a Belém, após percorrer estreito "corredor" policiado. Uma igreja ortodoxa grega abriga o local onde Jesus nasceu. Ao lado, a igreja católica, onde é celebrada anualmente a missa do galo. Valeu à pena conhecer a Jordânia e Israel, exemplos vivos de luta contra a adversidade e pujança do povo árabe.

Ney Lopes, jornalista, advogado e ex-deputado federal, escreve neste espaço aos domingos.

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