Política, Diário de Natal
Nota publicada em 06 de fevereiro de 2011
Políticos potiguares "passam o cetro" aos filhos. Em 2010, oito deputados usaram o DNA paterno para se eleger
Os anos passam. Os regimes políticos mudam. Mas a estrutura continua a mesma. Desde a divisão do país em capitanias hereditárias, o poder tem se alastrado de acordo com o DNA dos indivíduos. Os chamados "sangue azul" vêm obtendo êxito em passar o comando de sua capitania, estado ou município para os parentes. Apesar de o Brasil ser um estado democrático em sua prática política, a má distribuição de renda provocou a centralização das "lideranças", que se perpetuam no poder hereditariamente.
No Rio Grande do Norte não é diferente. As famílias que comandam o Estado vêm se mantendo no poder há gerações. Para garantir a continuidade desse processo, os políticos potiguares mais tradicionais já trataram de iniciar seus filhos na vida pública. Só nas eleições de 2010 foram eleitos oito herdeiros dos políticos atuais. Os cargos são diversos. De vereador a deputado federal, os que possuem o "DNA do poder" se colocam como nomes da "nova geração" da política local. A força dosobrenome é fundamental na hora de disputar uma eleição.
Com estratégias de marketing bem elaboradas e capital para financiar estruturas de campanha astronômicas, os neófilos de "sangue azul" vêm conseguindo ganhar a simpatia do eleitorado. O apoio do padrinho político, na maioria das vezes o pai ou a mãe, também é usado de forma estratégica durante as eleições. Apesar de muitos não crêem mais nos "currais eleitorais", os votos são repassados de acordo com o "reduto" do "donatário" daqueles sufrágios. Dessa forma se constitui a "renovação" política no RN.
Na Câmara Federal, dois dos oito parlamentares eleitos para esta legislatura receberam os mandatos como "herança" do patrimônio político familiar. Os deputados federais Felipe Maia (DEM), filho do senador José Agripino (DEM), e Fábio Faria (PMN), filho do vice-governador Robinson Faria (PMN), se dizem representantes da "renovação" e da "nova geração". Ambos foram eleitos pela primeira vez em 2006 e reeleitos no ano passado. Eles também são apontados como pré-candidatos à prefeitura de Natal.
Dos deputados estaduais eleitos para esta legislatura, quatro receberam seus mandatos de bandeja, herdados do capital eleitoral familiar. Gustavo Fernandes (PMDB), George Soares (PR), Dibson Nasser (PSDB) e Fábio Dantas (PHS) - filhos, respectivamente, de Elias Fernandes, Ronaldo Soares, Dickson Nasser e Arlindo Dantas - também se consideram novidades na política estadual. Eles vão se juntar aos deputados estaduais Márcia Maia (PSB), filha da ex-governadora Wilma de Faria (PSB), e Walter Alves (PMDB), filho do ministro Garibaldi Filho (PMDB).
A tendência segue nas disputas municipais. Em Natal, os vereadores Júlia Arruda (PSB), filha do ex-deputado estadual Leonardo Arruda (PSB), e Ney Lopes Júnior (DEM), filho do ex-deputado federal Ney Júnior (DEM), buscam recuperar o patrimônio político de suas respectivas famílias. A prefeita da cidade, Micarla de Sousa (PV), também tem sangue azul. Ela é filha do ex-senador Carlos Alberto de Sousa.
Herdeiros dos votos
Câmara Federal
Felipe Maia (DEM) - filho do senador José Agripino (DEM)
Fábio Faria (PMN) - filho do vice-governador Robinson Faria (PMN)
Assembleia Legislativa
Márcia Maia (PSB) - Filha da ex-governadora Wilma de Faria e do ex-governador Lavoisier Maia
Walter Alves (PMDB) - Filho do ministro Garibaldi Filho
Dibson Nasser (PSDB) - Filho do vereador Dickson Nasser
George Soares (PR) - Filho do ex-prefeito de Assú Ronaldo Soares
Fábio Dantas (PHS) - Filho do ex-deputado estadual Arlindo Dantas
Gustavo Fernandes (PMDB) - Filho do diretor do Dnocs, Elias Fernandes, ex-deputado
estadual
Câmara Municipal de Natal
Júlia Arruda (PSB) - filha do ex-deputado estadual Leonardo Arruda
Ney Lopes Júnior (DEM) - filho do ex-deputado federal Ney Lopes de Souza
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