Opinião, Gazeta do Oeste
Nota publicada em 03 de março de 2011
A Presidente da República Dilma Rousseff descansa na Barreira do Inferno, durante o carnaval. Sem dúvida, uma grande distinção para com o nosso estado. Não fui seu eleitor, mas reconheço que o seu governo caminha muito bem. Sua Excelência irá à China no dia 13 de abril, a fim de participar da cúpula de países em desenvolvimento (Brasil, a Rússia, a Índia e a China). Esta será uma boa oportunidade para incluir nas negociações de Pequim um tema do interesse nacional e particularmente do Rio Grande do Norte.
Trata-se da expansão da produção de minério de ferro no país. A Associação de Ferro e Aço da China anunciou recentemente a intenção de acelerar investimentos nessa área, em jazidas no Brasil. Os chineses não querem depender totalmente das importações da Vale do Rio Doce, a maior produtora de minério de ferro do mundo. Por isto, investem na Índia, Austrália e África. Em 2000, o ferro representava 5% das exportações nacionais. Em 2009, chegou a cerca de 9%. As reservas medidas de minério de ferro no Brasil alcançam 33 bilhões de toneladas, situando o país em quinto lugar em relação às reservas mundiais de 370 bilhões de toneladas.
O RN poderá ser um dos ganhadores, na próxima visita da Presidente Dilma Rousseff à China. Só precisa estar de "olho aberto" e contar com o apoio da chefe do governo. Em abril de 2009, a China tornou-se a primeira parceira comercial do Brasil. Ultrapassou os Estados Unidos, principal destino dos produtos brasileiros nos últimos oitenta anos. Os analistas são unânimes em apontar o aço e a soja como principais itens de importação da China, sem possibilidade de substituição no comércio internacional. Tal fato dá grande poder de barganha ao Brasil para negociar investimentos produtivos no país.
Aí começam as chances do Rio Grande do Norte. Em Cruzeta na Serra da Formiga, há informações sobre o potencial de produção de uma jazida entre 6 milhões e 12 millhões de toneladas. São mais de 200 áreas em fase de requerimento, pesquisa, e prospecção mineral no Rio Grande do Norte. Hoje a exploração mineral potiguar no RN se limita a mina do Bonito, localizada no município de Jucurutu. O RN tem condições de se transformar em fornecedor privilegiado de ferro aos chineses.
Em matéria de comércio global, os chineses ensinam ao mundo a lição de que a abertura econômica construída por Deng Chá Ping é ampla, mas os interesses nacionais estão em primeiro lugar. Como bons alunos da sabedoria chinesa, os membros da delegação brasileira poderão repetir argumento idêntico, nas negociações de abril em Pequim. Um dos pontos será a desvantagem brasileira, que exporta atualmente, quase sem agregar valor. O açúcar, por exemplo, apenas 29% de produto refinado. Do volume da soja exportado, cerca de 65% em grãos. Um meio de equilibrar a balança seria reivindicar dos chineses investimentos produtivos no país. Abre-se a porta para que o ferro potiguar se transforme em "atração" para os capitais chineses financiarem a ampliação do porto de Natal e a construção do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, com uma área de livre comércio ao lado - o RN é fronteira aérea e marítima em relação à África e Europa -, aliás, modelo global que vem da China. Talvez, seja um sonho, mas é necessário sonhar com o absurdo para conseguir o impossível (Unamuno). Permita-me, senhora Presidente, aproveitar a sua honrosa passagem pelo nosso estado para, respeitosamente, sugerir a inclusão nas negociações de investimentos produtivos da China, no aproveitamento do potencial de ferro do RN. Bom para nós; bom para o Brasil.
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