segunda-feira, 18 de julho de 2011

Pesquisas e "zebras eleitorais"

Opinião, Diário de Natal
Artigo publicado em 17 de julho de 2011

As pesquisas não identificam possíveis "zebras eleitorais". Por isto, o único meio de interpretá-las é a lembrança de eleições passadas e a noção do poder das pressões populares a favor de mudanças. Os números em si falam pouco, ou quase nada. São como fumaça. Servem apenas para pressões e chantagens partidárias. Esse filme já passou várias vezes.

Quem não lembra de 1988, em São Paulo? Maluf liderava as pesquisas de cabo a rabo. Uma desconhecida paraibana, do PT, ousou enfrentá-lo. Ganhou a eleição da maior Prefeitura do país. O nome dela, Luíza Erundina.

Quem não lembra de 1992, em Natal?. O filho do Ministro Aluízio Alves, o deputado federal Henrique Alves, era tido previamente como "prefeito de Natal". Toda a máquina federal lhe afiançava. Favas contadas. Abriram-se as urnas, o eleito foi Aldo Tinôco, um homem capaz, porém sem notoriedade pública. Ninguém o conhecia como político, até entrar na disputa.

Quem não lembra de Vilma Faria em 1994, ex-prefeita, elegera o seu sucessor na PMN, bem avaliada nas pesquisas, inegável liderança estadual, disputou o governo do Estado e suportou um obscuro 4º lugar, atrás do vereador Mineiro, que entrara para firmar posição do PT.

Quem não lembra do poderoso ministro Fernando Bezerra, presidente da CNI, senador da República, alcançou 70% de preferência nas mesmas pesquisas de hoje para governador do Estado em 2002. No final, não foi nem para o segundo turno.

Quem não lembra em 2006, quando o senador Garibaldi Alves era tido nas pesquisas como "o governador de férias". Os seus correligionários próximos do PMDB pensavam em tudo, menos que ele perdesse a eleição. Terminou derrotado, mesmo tendo atingido quase 80% de preferência nas pesquisas (as mesmas de hoje). Outros exemplos poderiam ser lembrados.

É impossível conhecer a realidade antecipada das urnas, através das pesquisas, salvo em média 45 dias antes do pleito. O eleitor pesquisado hoje opta pelos nomes que que lhe são apresentados.

Talvez por ingenuidade chego a acreditar que a eleição de 2012 terá fatos novos. O povo está muito depcionado. Para evitar outras decepções, poderá buscar para a sua cidade um (a) gerente, com perfil responsável, criativo (a), competente e experiente. Do contrário, é capaz de serem eleitos "micos" como protesto popular, pela falta de opções.

No caso específico de Natal, será que a cidade espera a inclusão no ról das candidaturas de um nome diferente dos que falados atualmente? Alguém com credibilidade, que faça a política a base do interesse público? Por exemplo, que proponha concorrências públicas virtuais, acompanhadas pelo cidadão? Os cargos comissionados sujeitos a análises de curriculos e sem qualquer tipo de intereferencia, senão a competencia? Será que esse nome não surgiu ainda, pelo domínio dos pré-candidatos, que monopolizam as cúpulas e os partidos, no sentido de que sejam sempre "os mesmos"? A maior dificuldade está nos próprios partidos, que não desejam inovar. Salvo exceções, assemelham-se a propriedades privadas e não admitem intervenção, ou consulta de qualquer tipo.

A pergunta que fica no ar é se numa época de tanta penetração da Internet e redes sociais, será impossível uma zebra em Natal, ou qualquer outra cidade?

Antes de encerrar este artigo respondo o porquê das pesquisas atuais não identificarem as "zebras eleitorais". É justamente para os profissionais e empresas não perderem clientes futuros, durante o marketing das campanhas. O resultado de uma "pesquisa" vale ouro para influir na vontade do eleitor! Senti isto na pele em 2004, quando fui arrazado por pesquisas encomendadas na disputa de Natal. Até profissionais da matemática foram levados à TV para justificar as pesquisas. Se elas eram tão idôneas, por que esse cuidado de explicação? Coisas da memória!

Ney Lopes, jornalista, advogado, professor de direito constitucional e ex-deputado federal, escreve neste espaço aos domingos.

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