segunda-feira, 18 de abril de 2011

ÁRABES E JUDEUS: UM COM MEDO DO OUTRO

Opinião, O Poti
Artgo publicado em 10 de abril de 2011

Na Tunísia há três meses, Mohamed Bouazizi de 26 anos, vendedor ambulante de frutas e verduras, teve a sua banca confiscada pelo ditador Zine El Abidine Ben Ali, que estava no poder desde 1987. Ele era técnico em informática, mas vendia frutas sem licença, por não ter emprego. O episódio acendeu o pavio político, que inflama até hoje as rebeldias populares em quase todos os países, que vão do Saara à costa do mediterrâneo. Pela primeira vez na história, um governo ditatorial árabe era derrubado por rebelião popular. A causa fundamental da revolta não foram às situações de opressão política, mas sim o desemprego em massa. Antes, a grande alternativa era a saída para a Europa. Atualmente, na Europa não há oferta de empregos, além de profunda discriminação contra os imigrantes.

Por trás das insurreições sucessivas, esconde-se a interrogação sobre qual será o desenlace da rivalidade entre árabes e judeus. O incêndio político atingirá Israel, um país com oito milhões de habitantes, cercado por mais de 300 milhões de inimigos?

A explicação bíblica para a animosidade entre "os irmãos" árabes e judeus vem dos tempos de Abraão. Os judeus descendem de Isaque, filho de Abraão com a esposa Sara. Os árabes são descendentes de Ismael, também filho de Abraão e da escrava Agar (Gênesis 16:1-6). Ismael vivia em conflito com o irmão Isaque, até que o seu pai Abraão expulsou-o de casa (Gênesis 21:11-21). Um anjo profetizou a sua mãe Agar, a permanente hostilidade dele contra todos os seus irmãos (Gênesis 16:11-12). Abraão era judeu para os cristãos e judeus. Para os árabes, muçulmano. Os judeus viveram no Egito desde os tempos bíblicos. Os árabes dominaram as terras habitadas pelos judeus no ano 180 DC. Permaneceram até 1947, quando com o apoio da ONU fundou-se o estado de Israel. O domínio árabe prolongou-se por 1800 anos. Depois da criação do Estado de Israel, os árabes e judeus estiveram em estado de guerra. As principais batalhas ocorreram em 1948/1949; a conhecida "Guerra de Suez" (1956); a "Guerra dos Seis Dias, (1967) e "Yom Kippur" (1973).

Árabes e judeus são povos "irmãos", em permanente discórdia. O cientista Lawrence H. Schiffman, da Universidade de Nova York, estudou a genética semítica e concluiu que, pelo critério dos cromossomos, as comunidades judaicas se assemelham aos palestinos, sírios e libaneses, sugerindo que descendem de uma população ancestral comum, que habitava o Oriente Médio, uns quatro mil anos atrás. A denominação oriente médio foi dada pelos britânicos, no século passado. Compreende a região limítrofe do mediterrâneo e fronteiras da Índia. A maioria se mobiliza na luta pela causa palestina, contra Israel. Alguns dos países árabes são os maiores produtores de petróleo do mundo (Arábia Saudita, Iraque, Kwait, Emirados Árabes). Outro foco de tensão, que pode resultar em guerra, é o antagonismo entre Estados Unidos e Irã. Ao contrário do que muitos pensam, o Irã não é país árabe, apesar da predominância da religião muçulmana.

A grande dificuldade para a paz "entre os irmãos árabes e judeus" é que os xiitas judeus e muçulmanos (radicais) pensam com base no Antigo Testamento, seguindo a risca o "Toráh" (judeus) e o "Alcorão" (árabes). Os muçulmanos acreditam na "grande batalha", quando o islamismo dominará todo o universo. Pesquisa do professor Samy Samoja, da Universidade de Haifa, constatou que 68% dos judeus temem uma revolta de parte dos árabes. 71,5% dos árabes têm medo de atos de violência dos judeus. Certamente, os atuais conflitos no Oriente Médio não mudarão a desconfiança entre os "irmãos", descendentes de Abraão. Eles continuarão por muito tempo, um com medo do outro!

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