Matéria publicada em 13 de julho de 2009
Por Allan Darlyson
Alberto Leandro

Depois que teve sua justificativa para não prestar depoimento à Comissão Especial de Inquérito (CEI) dos medicamentos contestada pelos vereadores, o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), mudou a linha de argumentação. Em vez de dizer que não atendeu à convocação porque não recebeu todos os documentos dos autos do processo, como antes, partiu para o ataque contra os parlamentares que fazem parte da investigação, alegando que a Câmara não é isenta em relação a ele e que, por isso, não pretende depor.
Em entrevista a uma rádio da capital, na manhã de hoje, o ex-prefeito deixou o assunto dos documentos de lado, já que os vereadores colocaram toda a documentação à disposição dele, e revelou que o real motivo para não ter comparecido ao plenário da Câmara Municipal de Natal (CMN) é porque acredita que há tentativa da Comissão de incriminá-lo.
Carlos Eduardo voltou a acusar a prefeita Micarla de Sousa (PV) de perseguição política e afirmou que os vereadores que fazem parte da investigação - Hermano Morais (presidente), Ney Lopes Júnior (vice-presidente), Albert Dickson (relator), Paulo Wagner (PV) e Heráclito Noé - são manipulados pela prefeitura e contribuem com o que ele taxa de farsa: o escândalo dos medicamentos.
O ex-prefeito afirmou que o objetivo da investigação é desgastar sua imagem perante a opinião pública. "Todos os vereadores dessa Comissão querem me prejudicar. Eles dão uma de 'bonzinhos', dizendo que eu devo depor como testemunha, mas o próprio Ney Júnior declarou que eu sou o responsável, restando saber se por crime doloso ou culposo. Existe tentativa de me incriminar", denunciou.
Insatisfeito com o trabalho dos parlamentares, Carlos ainda proferiu acusou o presidente da CEI de ser cúmplice dos vereadores que suspeitos de receberam propina para derrubar seu veto ap Plano Diretor de Natal (PDN), em julho de 2007. "Está lá gravado. Hermano Morais alertava os vereadores dos grampos aos telefones, para que eles não falassem da propina ao telefone", acusou.
As críticas de Carlos também de estenderam a Albert Dickson. "Foi ridículo ver aquela cena do relator e do presidente indo à imprensa dizer que estavam sendo ameaçados de morte, por causa da CEI", alfinetou o ex-gestor.
Para finalizar, Carlos criticou a mudança de posicionamento do peemedebista que preside à Comissão. "Até dia 31 de dezembro, Hermano fez parte do meu governo. Ele apoiou Fátima, mas antes de Micarla assumir, ele já estava na base de sustentação da prefeitura", lembrou.
Hermano Morais diz que acusação denota desespero do ex-gestor
Procurado pela nossa equipe de reportagem para comentar as declarações do ex-prefeito em relação a sua possível participação como cúmplice do esquema de corrupção deflagrado pela operação impacto, o presidente da CEI, Hermano Morais, afirmou que Carlos Eduardo está apelando para o ataque por falta de argumentos que justifiquem sua ausência ao plenário da CMN, quando foi convocado pela Comissão.
"Essa foi uma tentativa desesperada e ensandecida de tentar desqualificar o trabalho da Comissão. Mas ele não conseguirá me tirar do sério. Vamos continuar com o mesmo rigor na apuração, independente dessa postura lamentável do ex-prefeito", declarou o peemedebista, ainda surpreso com a nova "linha de defesa" adotada por Carlos para não prestar esclarecimentos sobre o caso.
Hermano também negou que tenha qualquer participação no esquema descoberto pela Operação Impacto. "Não participei em nada nesse episódio. A Justiça já investigou e eu não respondo a nenhum processo. Meu nome nunca foi incluído nesse esquema. Por isso não me sinto atingido por essa provocação", respondeu o vereador.
O presidente da CEI ainda anunciou que não desistirá do depoimento de Carlos Eduardo, por julgar necessário para o esclarecimento dos fatos. "Esperamos contar com os esclarecimentos prestados pelo ex-prefeito, que é um cidadão comum e pode contribuir como testemunha", afirmou.
A expectativa é para que a Justiça emita parecer sobre o pedido de medida cautelar, que solicita mandado judicial para que Carlos Eduardo atenda à convocação, amanhã. Caso o pleito da Câmara seja atendido, o pedetista terá que prestar depoimento na próxima quinta-feira (16).
A CEI investiga irregularidades na compra, acondicionamento e distribuição de medicamentos, nos anos de 2007 e 2008, período em que Carlos Eduardo era prefeito de Natal. Já foram ouvidos 37 depoimentos. A expectativa era para que o relatório fosse apresentado no dia 18 de julho. Porém, com a resistência do ex-prefeito, esse prazo não deve ser cumprido.
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